sexta-feira, 6 de maio de 2016

Rosa Vermelha e João Caveira Historia


Rosa Caveira viveu por volta de 1930 e nasceu no norte de Minas Gerais, um lugar castigado pela seca e pela pobreza, sétima filha e única filha mulher, sua mãe já tinha idade avançada por isso teve várias complicações durante sua gestação e a criança nasceu com uma marca estranha no peito que parecia muito com uma caveira, sua mãe, contudo não gostava que falassem isso e disse que parecia uma rosa, e assim deu o nome a menina de Rosa. Seu pai faleceu quando ela tinha ainda 11 anos e como sua mãe era velha, ela teve que tomar o lugar de mãe da casa. Aos 13 anos, Rosa teve um sonho com um homem bem vestido e que usava um anel prata em formato de caveira, e assim aconteceu, no mesmo ano enquanto fazia compras para sua mãe na feira da cidade, encontrou um senhor bem afeiçoado que se aproximou e disse:






-Olá linda moça, o que faz um rosa tão formosa sozinha em uma feira.
No mesmo momento Rosa, assim ela chamava até o momento, respondeu assustada:
-Nada não senhor, me dá sua licença.
-Meu nome é João Batista, sou caixeiro-viajante, mas pode me chamar de João Caveira.
No mesmo momento Rosa se lembrou de seu sonho e ficou com os olhos intactos.

Ao voltar para sua casa, Rosa não disse nada a sua mãe, mas a noite sonhou novamente com o tal moço. E pela manhã voltou a cidade, com desculpa de comprar botões para arrumar roupa para seus irmãos, lá perguntou à algumas pessoas sobre João, mas ninguém o viu ou lembrava-se dele. Voltando pela estrada de terra, em uma encruzilhada na estrada, estava lá João que a cumprimentou:
-Um caminho longo não moça?
E ela ressabiada disse:
-Sim, mas não estou sozinha, meu irmão está por me encontra no caminho.
-Mas e nos seus sonhos, seu irmão também vai te buscar – Disse ele com um olhar denso e penetrante.






Assustada ela correu, e por onde ia ele lá estava, até que cansada de correr, tropeçou e caiu, e ele lhe ofereceu a mão onde carregava o anel e ofereceu a ela uma nova vida. Explicou que não era desse mundo e que de tempos em tempos vinha para treinar uma moça para que o ajudasse, e ela era a escolhida. No momento Rosa não entendeu muito bem, mas seu coração batia forte, seu sangue pulsava em suas veias enquanto ele falava com a voz rouca. E ela aceitou. João Caveira a batizou de Rosa Caveira, a levou para morar na capital e ensinou a arte da magia, de falar com os espíritos, mas advertiu sempre que ela não poderia ser tomada pelo poder, porém ela se apaixonou por ele e sofria muito, e ele aparecia cada vez menos, como costumava falar, tinha que aguardar os portais se abrirem para vê-la. Com passar do tempo sua angustia e solidão, começaram a tomar conta de sua vida, então Rosa Caveira saia noite a buscar nos homens, usando seu poder de magia e encantamento, então sua seu mundo ficou negro e desregrado, que acabou levando-a morte em pouquíssimo tempo. Desesperado, João tentou ajudá-la, mas era tarde demais.

Após sua morte ela entendeu que ele era um guardião do mundo espiritual que treinava algumas pessoas iluminadas para que o ajudasse a tratar dos espíritos que vagavam, porém ela não foi forte o bastante. Rosa então pediu ajuda, foi então designada a voltar a terra para ajudar as pessoas, contudo ainda ama João Caveira e esse amor a prende aqui em muitas vezes se embebeda e cantas cantigas de amores tristes.



Como agradar Rosa Caveira para conseguir prosperidade e amor.
1 punhal
16 Rosas vermelhas
1 Espelho redondo
7 Moedas
1 Pedaço de tecido preto
1 Cacho de uva vermelha
1 Anel prata de caveira
7 Velas vermelhas

Em uma encruzilhada de terra a meia noite em lua crescente, finque o punhal no chão, em frente forre o chão com o tecido preto e coloque as rosas formando um circulo, assim faça com as moedas, no pé do punhal coloque as uvas vermelhas e o anel e acenda as velas em volta. Chame por ela:

Que o João Caveira permita que ela venha te ajudar.
João Caveira













Rosa Caveira

Eu tenho o privilegio de ter essa entidade a minha esquerda, e em seus trabalhos, aprender um pouco sobre sua atuação como Guardiã da Lei. Rosa Caveira













Sempre séria, certa ocasião, ela me falou, que um de seus campos de atuação, é quando entre pessoas o Amor cede lugar ao ódio, amor esse que pode ser dos mais variados tipos. Principalmente quando começam a se prejudicarem através de magias.

Me disse ela, que é servidora de Mãe Oxum e Pai Omulu.


Uma linda senhora, onde muitas vezes por necessidade, plasma uma forma mais densa, representada pela Caveira. Sei que essa falange tem muitos misterios, e uma função Divina como Guardiã, por isso merece muito respeito, pois seu campo de atuação, é muito mais do que nossa capacidade humana compreende. E como diz seu ponto cantado : ...se diz que faz, é melhor não duvidar...!!!



Em seus trabalhos aos quais são sempre fortes, ela nunca está sozinha, ela é muito amparada por muito guardiões, como o Senhor Tata Caveira, o qual ja presenciei e senti o imenso respeito por ele. Ela também é chefe de falange, entre as quais fazem parte de sua falange: 














- PG Rosa da Noite, Rosa Negra, Rosa Vermelha, Rosa da Praia, 7 Rosas, etc... Cada Pombagira teve sua historia quando encarnada, mas todas lutaram e lutam para fazer crescer a Luz .


Dona Rosa caveira é a entidade chefe da falange das Rosas, ou seja, na realidade é
o nome de uma falange, onde muitos espíritos trabalham e adotam o nome da
mesma. Existem também os espíritos que trabalham na falange e não adotam o
"Caveira", por motivos de funções ou hierarquias, como Dona Rosa Negra ou Dona
Rosa da Noite.
Essa falange é especializada na captura, prisão e encaminhamento de espíritos de magos negros e seus seguidores.
Trabalha em parceria com a falange dos Exús Caveiras.
Sua manifestação quando incorporada é de poder e seriedade.
Suas oferendas, devem ser feitas, somente a pedido da entidade e a entrega, no cemitério ou nas encruzilhadas em forma de T que terminem (fechem) nos cemitérios devem ser entregues por médiuns preparados e autorizados para tal.
Suas cores nas roupas dos médiuns costumam ser pretas e discretas, podendo haver alguns detalhes em vermelho ou roxo. Também podem usar capa com capuzes, no caso de médium de hierarquia ou se autorizado pelos dirigentes.
Raramente seus médiuns usam muitos badulaques, optando pela austeridade e seriedade 
dos espíritos que trabalham como guardiãs dessa falange.
NUMA ENTREVISTA COM DONA ROSA CAVEIRA, PUDE SENTIR A FORÇA, O DOMÍNIO E O PODER DE COMANDO DESSA ENTIDADE QUE RECEBE À TODOS COMO UMA DAMA QUE É. E QUANDO PRECISO, TRABALHA COM SUA FORMA MAIS DENSA, DEIXANDO CLARO SUA AUTORIDADE COMO CHEFE DE FALANGE DE POMBAGIRAS.
ESSA AUTORIDADE, DIZ ELA, RECEBEU DE SEU COMPANHEIRO, O SENHOR JOÃO CAVEIRA.
É MUITO INTERESSANTE OBSERVAR A HARMONIA E O RESPEITO QUE UM TEM PELO OUTRO.
DONA ROSA CAVEIRA USA TRAJES PRETOS COM ALGUNS DETALHES EM
VERMELHO, JÁ QUE COMO CHEFE DE FALANGE DA LINHA DAS ALMAS, PODE TRABALHAR DENTRO E FORA DA CALUNGA (CEMITÉRIO).



UMA SENHORA DE AUTORIDADE COMO DONA ROSA CAVEIRA, NÃO NECESSITA ESTARDALHAÇOS, MUITO MENOS DISPUTAR PODER, ELE O É INERENTE.
ELA ESTAVA ME FALANDO QUE TRABALHA NA UMBANDA E EM CULTOS DE NAÇÃO.
O MODO COMO SE MANIFESTA (ROUPAGEM FLUÍDICA) DEPENDE DA CASA ONDE ESTÁ TRABALHANDO E DA DEMANDA DO TRABALHO.
PODE PEDIR SUAS OFERENDAS DENTRO DO CEMITÉRIO, NAS ENCRUZILHADAS EM T QUE VÃO DAR NAS PORTAS DOS CEMITÉRIOS, DENTRO DOS TERREIROS OU EM OUTRO LOCAL QUE ACHAR NECESSÁRIO.
DONA ROSA, EMBORA TENHA AS CARACTERÍSTICAS COMUNS À TODAS AS
POMBAGIRAS, COSTUMA SER MAIS SÉRIA.

ISSO NÃO É MÉRITO OU DEMÉRITO, E SIM UMA IDENTIDADE VIBRATÓRIA.
SALVE DONA ROSA CAVEIRA
SALVE SENHOR JOÃO CAVEIRA
SARAVÁ SUA BANDA.


Tenho percorrido esferas longínquas desta seara, e bem da verdade, quando cá retorno, percebo que as coisas não mudam tanto, a evolução vagarosa na Terra se dá única e exclusivamente pela mente limitada que o ser encarnado possui, a limitação que é exprimida pela negação constante em aceitar o novo, pois tudo se renova constantemente no processo evolutivo natural.
Vejo ainda, muitos encarnados nos confundindo com ex-prostitutas, mulheres perversas ou até criminosas, muitos continuam a assimilar a entidade pomba gira como sendo a escoria do universo feminino.
O fato é que incomodamos ao trazer à tona não só a sensualidade, mas a força e magia que muita mulher esconde.
Durante anos, a mulher buscou independência e igualdade, e vem adquirindo, porém o conceito machista ainda abrange grande parte da sociedade.
Ainda vejo mulheres que se submetem às vontades de seus companheiros de modo a negarem a vontade interior latente, mulheres que se negam a derrubar conceitos pré-moldados e continuam a serem maltratadas ou simplesmente aquelas que aceitam a vida que possuem, com seus dissabores, por medo ou comodismo. Há também aquelas que descobriram seu poder interior e abusam deste.
Não posso deixar de lembrar como eu tenho visto mulheres fortes, que realizam trabalhos tão pesados quanto os homens, mas estes homens que estão se integrando à suas famílias e participando da criação dos filhos, deixando de ser tão-somente o provedor do sustento e passando a serem educadores, pais, tarefa até “pouco” tempo destinada às mulheres.
Vocês costumam dizer que atrás de um grande homem há sempre uma grande mulher, essa frase já demonstra certa limitação, pois ninguém é responsável por impulsionar ou retrair o outro, posso dizer que, um guardião sempre tem uma guardiã ao seu lado, nunca atrás. Dessa forma, um relacionamento jamais dará certo enquanto um se achar melhor ou mais importante que o outro. Os companheiros possuem sempre o mesmo valor.
Trazemos a sensualidade de modo a mostrar o belo, o formoso, nunca o vulgar. Se fomos prostitutas, não! Mas se tivéssemos sido não haveria problema algum, pois passado é tudo o que ficou para trás e o que importa do lado de cá é o agora.
As pombas giras foram mulheres que ocuparam lugar de destaque na sociedade antiga, altamente patriarcal. São aquelas que lutaram por independência e dignidade, doando suas vidas. Aquelas que se movimentaram e construíram histórias como Joana D’Arc.
Eu vivi na Europa em minha última encarnação, na época em que as mulheres eram bruxas naturais e exerciam seus poderes e ritos com liberdade, esta que foi tolhida posteriormente. Fui torturada e enterrada viva por lutar pela minha crença e meus costumes na Santa Inquisição, quando o catolicismo imposto por um homem no poder buscou a tentativa cruel e covarde de abolir o que eles chamavam de paganismo, muitas foram omissas, mas junto a tantas outras eu lutei pelos meus ideais.
Falo às mulheres para que elas deixem de serem omissas no dia-a-dia, para que deixem de negar seus anseios e busquem a felicidade, para que se libertem de pré-conceitos.
Toda mulher é uma bruxa natural e tem seus poderes, assim como o sexto sentido, tem suas magias, assim como o “ser mãe” é a magia da vida. São detentoras de grandes faculdades, mas poucas são as que buscam exteriorizá-las, a maioria prefere se enclausurar sob uma vestimenta que seja agradável à sociedade pré-moldada e esquecem que a felicidade é dádiva de Deus.
Sou uma Pomba Gira, que se utiliza do simbolismo “Rosa Caveira”, que aos 56 anos de vida deixou a carne lutando por liberdade de expressão e crença, e continuo lutando ao lado daqueles que anseiam por liberdade e evolução.
Muitas de nós, pombas giras, já vieram trazer mensagens para desmistificar algumas linhas de pensamento preconceituosas que nos cercam, mas quero atingir outra finalidade com minha mensagem, a de mexer com os sentidos de quem a ler para que este possa soltar seus dons e viver intensamente, pois a vida é a oportunidade mor, e não se espera que a felicidade venha bater à porta, deve-se lutar por ela, buscá-la incessantemente com fé, amor e dignidade!
Sou Rosa Caveira, eu “bato” e não assopro, falo e não volto atrás, amo e não deixo de amar, e estarei sempre ao lado daquele que procura enfrentar os dissabores da vida e ser feliz, não alivio os tormentos de quem cai no erro, mas procuro ajudar a enfrentar as conseqüências de suas escolhas.Sou pomba gira, sou guardiã, sou bruxa, sou mulher!
Axé
Pomba Gira Rosa Caveira 



PONTO DA DONA ROSA CAVEIRA DO CRUZEIRO DAS ALMAS



OLHA ME SACODE O PÓ QUE CHEGOU ROSA CAVEIRA,


POMBAGIRA DA CALUNGA,VEM LEVANTANDO POEIRA. (BIS)


SUAS MANDINGAS SÃO CERCADAS DE MISTÉRIO,


SARAVÁ A POMBAGIRA QUE VEM LÁ DO CEMITÉRIO,


SE DIZ QUE FAZ,É MELHOR NÃO DUVIDAR,


PORQUE ROSA CAVEIRA PROMETE É PRA NÃO FALTAR!


OLHA ME SACODE O PÓ QUE CHEGOU ROSA CAVEIRA,POMBAGIRA DA CALUNGA,VEM LEVANTANDO POEIRA. (BIS)


LEVO UMA ROSA QUANDO VOU AO SEU AXÉ,


FALO COM ROSA CAVEIRA PORQUE NELA EU TENHO FÉ!


TUDO QUE PEÇO NUNCA ME DEIXOU FALTAR,ELA É MUITO FORMOSA,


ELA É A MOJUBÁ!

Caboclo Pena Azul


Saravá Vovó Maria Conga!

    Maria Conga, Maria Conga.


Maria Conga o que é que você quer?

    Quero pemba, quero guia, quero figa de guiné.













    Vovó Maria Conga, uma das mais amadas e respeitadas Pretas Velhas
da Religião de Umbanda.

    A vovó considerada guerreira, forte, batalhadora, que não media
esforços em proteger seu povo tão amado, dentro e fora do quilombo de
seu  tão respeitado pai, que era conhecido como Rei Congo, e que era
o líder dos negros que um dia foram escravizados pelos senhores
brancos.


    Maria Conga era uma escrava de uma fazenda cafeeira da região
Sudeste, quarta filha de Rei Congo com sua companheira que também
levava o nome de Maria.

    Desde tenra idade Maria Conga demonstrava que seguiria os mesmos
passos de seu amado pai, sendo uma verdadeira lutadora e salvadora de
seus irmãos negros que foram escravizados, Mas apesar dessa
demonstração de força, ela demonstrava também ser gentil e graciosa
com seus semelhantes assim como sua mãe, fazendo assim ser reconhecida
e respeitada por todos seus irmãos negros.

    Ela se mostrava guerreira mas ao mesmo tempo amável, tinha uma
sabedoria espiritual elevada, e com essa sabedoria ajudava nas
caminhadas junto a seu pai que buscava levar a caridade a todos os
negros sofredores.

    Era uma grande benzedeira, encaminhadora de espíritos sem luz, que
insistiam em perturbar a mente e o corpo de negros e brancos daquela
época, com suas obsessões desenfreadas que levavam muitas dessas
pessoas a adoecerem sem motivo, ou a enlouquecerem de tal forma que
ceifavam a própria vida. Essa fé e essas aprendizagens se tornaram
grandiosas, pois tanto vinha pelo lado de seu pai quanto de sua mãe,
que ambos sabiam como demonstrar a enorme fé no grande pai e senhor de
seus caminhos, nosso amado Deus.

    Com as aprendizagem de seu pai Octacílio (Rei Congo) e de sua mãe
Maria, a nossa personagem ficou muito conhecida pelas curas físicas e
mentais destinadas a centenas de pessoas, sendo essas pessoas negras ou
brancas.

    Quando sua mãe desencarnou, Maria Conga era apenas uma pequena
jovem ainda, e esse fato a deixou muito abalada a levando numa
tristeza profunda, pois ela acreditava que sem a presença da mãe sua
caminhada junto a caridade poderia terminar. Mas pelo contrário após
algum tempo de luto e de muitas palavras de amor e carinho de seu pai,
Maria Conga elevou ainda mais sua fé e se colocou a disposição de
Zambi (Deus), de Oxalá, de todos os Orixás e Entidade de Luz que ela
buscava com determinação na hora das benzeduras e das curas, mesmo
sendo ela uma jovem, uma jovem que mostrava que era pequena na idade
mas grandiosa na fé.

    Quando Rei Congo decidiu lutar pela libertação de seu povo das
garras dos senhores de escravos e fugiu para tentar chegar ao Monte
dos Perdidos, ele para não fazer com que seus filhos amados sofressem
algum risco nessa fuga, que poderia ser uma fuga suicida, decidiu
se relocar antes, se firmar no local que ele considerava seguro para
após isso resgatar além de seus filhos consanguíneos, todos seus
irmãos negros.

    Com isso a menina Maria fica só, sem a proteção de seu pai e o
carinho de sua mãe. Por noites a fio ela chorava, olhando as estrelas
e pedindo uma luz a Zambi, que ele mostrasse um caminho, uma trilha a
seguir.

    Numa dessas noites, após a jovem fazer suas orações, ela ainda
com lágrimas nos olhos, vê uma imagem brilhante vinda do céu
estrelado, nessa imagem com um formato de uma mulher, mas um tanto
indefinida, ela escuta a voz de sua mãe. E a voz disse de um modo
gentil e amável as seguintes palavras:

    "Filha amada, peço para você ter força, suportar o que vem pela
frente. Terá dias de dor e lágrimas,, terá uma grande vontade de
desistir, terá ódio em seu coração. Mas pediria que lembrasse de
minhas palavras, você tem que demonstrar nesse período a sua
verdadeira fé em Zambi, demonstrar que as lágrimas que ira perder não
a farão não enxergar que Zambi e grandioso, que a falta de esperança
não lhe levará a desistência de prosseguir clamando, que o ódio não
acabará com o amor e a caridade que deverá espalhar pelas terras
sangrentas. Minha doce filha, após essa demonstração de fé, sua
esperança poderá voltar a brilhar, pois seu amado pai voltará para
seu resgate. Confie sempre!""

    E assim a escuridão da noite retorna aos olhos da pequena Maria
Conga, a deixando refletindo sobre o acontecimento e as palavras
ouvidas vinda de sua mãe.

    O tempo foi passando, e os comentários nas senzalas foram
aumentando. Muito se dizia sobre o novo quilombo, o quilombo que
levava o nome do pai de Maria Conga. Os escravos ficavam ansiosos, os
coronéis preocupados e feitores armados de prontidão, prontos para
guerrear, caso o grupo de Rei Congo aparecesse para resgatar os
escravos das fazendas.

    Após algumas tentativas de invasão a fazenda na qual Rei Congo era
escravo, o coronel dessa fazenda tomou uma decisão, usaria a filha de
Rei Congo como isca para aprisioná-lo.

    Após ordenar aos feitores a levar Maria Conga ao tronco, ela foi
açoitada diversas vezes, na tentativa de que ela dissesse onde poderia
estar seu pai. Na falta de respostas foi determinado que ela ficaria
no tronco até Rei Congo entregar-se

    O boato foi espalhado pela região por entre jagunços e feitores
na tentativa que todo fato chegasse até os ouvidos de Rei Congo, e
assim aconteceu..

    Ele ficou sem chão, desesperado, já decidido a se entregar e
trocar de lugar com sua amada filha.

    Se ajoelhou nas terras sagradas do Quilombo, fechou seus olhos, e
Orou firmemente a Zambi, pedindo que lhe encaminhasse na decisão
tomada.

    Mas uma vez o inesperado aconteceu, por entre as nuvens
dançarinas, um facho de luz ilumina seu rosto, e ele com isso se
acalma um pouco, sabendo que suas preces estão sendo ouvidas pelo Pai
Maior.

    Rei Congo, num momento de calma, refletiu ao olhar em seu redor.
Observou o grande grupo de negros que antes escravizados, e agora
livres, trabalhando pelo sustento de todo povo que felizes estavam
residindo no Quilombo.

    Ele sabia que ao se entregar nas mãos dos feitores do seu antigo
Coronel, estaria também entregando todo aquele povo que já tinha
conseguido resgatar, inclusive seus outros filhos que já se
encontravam no Quilombo.

    Tinha que buscar sua filha, mas de uma maneira que não arriscasse
todos os outros. E assim Rei Congo ficou refletindo como seria esse
feito.

    Enquanto isso, Maria Conga continuava sobre sua tortura, presa ao
tronco, chibatadas ardentes faziam a dor percorrer seu corpo, sol
escaldante fazia as feridas queimarem ainda mais. Ela sofria, chorava,
quase já sem forças, seu coração prestes a lançar um ódio que jamais
sentira, suas esperanças se findando, sua mente não conseguia
entender muito bem todos os acontecimentos, quando de repente sente
uma luz sobre si, uma luz forte e protetora, uma luz que a deixara
tranquila, serena, sem as dores penosas que antes sentia.

    Após esse sentimento de paz, seu coração se tranquilizava ainda
mais, e sua mente como num tom de magia se tornava esclarecida sobre
os fatos ocorridos e se abrindo para as lembranças da voz de sua mãe
lhe indicando como proceder naquele momento fatídico.

    E com isso ela sorriu, sabendo que não estava só. Seu rosto que
antes demonstrava dor e desespero, se transformara em uma face serena,
cheia de paz e esperanças.

    O feitor que estava incumbido de açoitar Maria Conga nota o olhar
sereno que ela estaria, e isso lhe trouxe uma sensação de estar
errando ao obedecer as ordens de seu coronel. Contudo ele não poderia
arriscar a não fazer, pois dentro da fazenda a lei era se caso um dos
feitores poupassem algum negro escravizado dos castigos impostos pelo
senhor de escravos, o próprio feitor iria para o tronco junto de seus
familiares, no lugar do negro poupado.

    Mas a cada vez que o feitor levantava seu braço para um novo
açoitamento a escrava, seu coração doía, e ele batia apenas levemente
sua chibata no corpo já machucado da negra.

    Nesse instante chega de um modo desesperador, correndo e chorando
uma mestiça chamando pelo nome do feitor. Era sua companheira, que por
entre lágrimas incessantes pede ajuda ao homem, pois a filha de ambos
arde em febre, um estado febril tão intenso que já lhe causava
convulsões.

    O feitor larga sua chibata, corre até o casebre onde se encontrava
sua pequena filha já desfalecida. Não sabendo como salvar a sua
menina, ele corre até a senzala pedindo ajuda aos negros mais
experientes, e entre esses negros havia uma velha centenária negra,
que sentada ao chão e com seu cachimbo na boca, diz ao feitor sem
tirar os olhos do tição na qual ela acendia o cachimbo.

"Meu filho, você só tem uma chance de salvar sua filha, e só tem uma
pessoa que pode fazer isso. Essa pessoa está morrendo presa ao tronco,
morrendo pelas chibatadas que você foi obrigado a dar nela. Sua filha
não tem muito tempo, leve Maria Conga até ela, pois ela vai saber o
que fazer para tirar a sua menina das mãos da fria  morte."

    O feitor sem pensar muito corre até o tronco, retira Maria Conga
das correntes, se joga a seus pés chorando e suplicando que ela
salvasse a vida de sua filha. E por entre lágrimas e pedidos de
perdão, ele ouve a voz dela pedindo que ele se levantasse e a levasse
até a menina. E assim foi feito.

    Pelo caminho Maria Conga colhia algumas ervas, flores e pegava um
pouco de água que corria no rio límpido. Ao chegar foi direto as suas
orações e benzeduras, fez das ervas, flores e água um cataplasma
colocando sobre o corpo da criança, que como por milagre foi se
restabelecendo, abrindo os olhos devagar e esboçando um sorriso ao ver
o rosto do pai.

    A menina se curou completamente, e o feitor ficou extremamente
agradecido a Maria Conga.

    Nesse mesmo momento Rei Congo recebe uma mensagens de sua doce
esposa lhe dizendo:

    "Meu companheiro de jornada, chegou a hora, peço-te para resgatar
nossa filha das garras da escravidão. Hoje ao meio da noite parta para
as terras onde ela se encontra escravizada. Vá sozinho, e pelo mesmo
caminho que você já fez ao sair de lá."

    Ao ouvir isso, Rei Congo se prepara para o resgate, ele parte do
Quilombo sozinho, sem dizer a nenhum dos que ali se encontrava o teor
de sua missão.

    Ao chegar na trilha oculta que o levaria ao interior da fazenda,
Rei Congo se depara com alguns vultos, passos e respirações
ofegantes. Ele se esconde por entre os arbustos e aguarda.
E de repente reconhece um dos vultos, era sua amada filha que estava
buscando um caminho seguro para se esvair da fazenda cafeeira, junto a
ela estavam o feitor e sua família, que fugiram das terras sangrentas
em busca de paz para que assim pudessem ver sua filha crescer fora
daquele ambiente de baixa iluminação espiritual.

    Ao encontrar por Rei Congo, Maria Conga conta tudo que lhe
aconteceu. Diz sobre a ajuda do feitor que arriscando a vida e a
segurança de sua família, a ajudou na fuga, mesmo sabendo que ele
jamais poderia voltar a fazenda.

    Rei Congo agradecido, leva todos para o Quilombo do Congo, e lá
ficaram por muitos anos, plantando, colhendo, vivendo em paz.

    Maria Conga se tornou a grande benzedeira do Quilombo, ela por
muitas vezes saia em resgate de outros negros junto a seu pai. Fazendo
assim nascer uma corrente de caridade, liberdade e amor.

    Ela ficou no Quilombo por muitos e muitos anos, teve seu
desencarne numa noite de muitas estrelas brilhantes e lua cheia no
céu.

    Toda luz que irradiava em vida, foi recompensada com a benção de
virar uma Entidade de Luz, podendo vir nos terreiros de Umbanda,
incorporada em Médiuns preparados para consultas a quem necessita de
sua ajuda.

    Ela trabalha com e para a caridade, auxilia nas curas de males
físicos e psicológicos, em obsessões, limpezas espirituais de pessoas
e ambientes.

    Sempre busca fazer o bem, sempre com orientações para busca do
melhor caminho a ser tomado a quem se sente perdido.

    Essa é a Vovó Maria Conga, a senhora protetora dos fracos, a
guerreira que lutou pela liberdade, e até hoje nos ensina a dominar
nossos sentimentos de ódio, desesperanças e tristezas, assim como ela
o fez quando esses sentimentos ruins desejavam dominar a si própria.

Saravá Vovó Maria Conga!